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Porque choras tu dessa forma tão alegre se não tens mais que carpir na alegria que investes na vida? Aquilo que se ouvia, no meio da tempestade, era a voz profunda de um furacão, que levava ao colo a mulher cabeça-conta-de-vidro. Mais nada se ouvia.

... e assim, de súbito, um copo de água, um nariz, um abraço e outra vez aquela coisa que não sei como se chama, cheia de roscas e torcidos a cair do tecto; parece ser feita de cabelo, mas não tenho a certeza. 

... e faz de conta que sei o que é, e chamo-a pelo nome que sei chamar-se quando não sei o nome que hei-de chamar a coisas assim; desígnio de bicho cantante, couraça, feltro ou dedo no ar em caso de dúvida.

Rebolo no  chão do quintal, por cima das folhas mortas, onde mijam cães e por onde passam todas as mulheres do lago, escondido da voz do furacão sob a sombra de uma grande árvore. Afadigo as palavras todas e furam-se os olhos, um após o outro.

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