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Já hoje numa folga que dei ao cigarro estive em frente a duas janelas.  A primeira tinha um sopro de vento que vindo de Sul agitava as árvores. A segunda um balde preso no alto de um mastro que existe numa fortaleza sem vida. Com ou sem memória, agita-se no teu cabelo cor de palha, (ou cor de fogo, ou sei lá a cor que tem a cor do teu cabelo quando o vento corre assim),  um jardim inteiro que gosto pensar ser só meu. É lá onde vejo as palavras que não sei dizer escritas pela ventania. Não estou para coisas simples. Tenho quase a certeza de pertencer à terra escura que é a imagem da segunda janela ao fim do dia. 
Um pássaro preto pousou na antena da televisão do vizinho e disse-me: aqui no teu quintal, chove pelo mundo inteiro. Não te prantes mais que eu estou mesmo ao pé de ti.

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