142 (da Lua Nova)



No aranhal nada de novo. Um prado novinho em folha ergueu-se no limite da floresta que circunda o pequeno lago. A mulher-cabeça-de-veado cortou a língua e entregou-a às outras mulheres. Recebeu-a a madressilva com as mãos postas num acto de serenidade.
_Para que me dás tu a tua língua.
_Para que me possas falar na minha língua. Disse com palavras empapadas em sangue. Mil cabeças de alfinetes voaram no céu desse dia. As flores cresceram e envolveram todas as cadeiras onde sentavam as mulheres, cobriram as mulheres que se uniram para sempre às flores. A água ferveu virulenta no centro do lago e ergue-se Górgias, o morto. O dia acabou com a imagem de um gato tranquilo a lamber uma pata através de um limoeiro.

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